Por César Modesto
Em um mundo orientado pela tecnologia e inovação, ser humano é o verdadeiro diferencial. Isso porque, embora muitas empresas invistam em automação, inteligência artificial e realidade virtual em seus processos, no fim, pessoas se conectam com pessoas.
Além disso, com a popularização da internet e, em particular, das redes sociais, deixamos de ser audiência passiva e nos tornamos criadores de conteúdo, ou melhor, deixamos de ser meros espectadores e nos tornamos participantes ativos.
Ironicamente, vivemos em um mundo de hiperconectividade e solidão, caracterizado pelo acesso a todo tipo de informação e com amigos de todos os lugares, mas cheios de dúvidas e isolados, sem ninguém para estender a mão.
Então, a disputa pela atenção das pessoas, onde algoritmos ditam o que deve ser visto, e a saturação da comunicação tradicional, marcada pelo marketing de interrupção, perdem força, sobretudo para as atuais gerações Z e Alpha.
Essa é uma das conclusões do SXSW 2025, realizado em março, nos Estados Unidos, e que abordou sobre a convergência de tecnologia, criatividade e conexões humanas. O evento apontou que o futuro da comunicação de marca será centrado em comunidades, não em públicos. Então, o que fazer?

Durante a pandemia, por exemplo, presenciamos um boom de transmissões de eventos ao vivo como nunca. Sem dúvida, uma demonstração evidente da busca por conexões reais e senso de pertencimento em meio a um período de inseguranças e incertezas.
É aí que deve estar o foco. Para surgirem as comunidades, as marcas precisam se portar como legítimas hubs de experiências compartilhadas, imersivas e sensoriais, promovendo a colaboração, gamificação e engajamento com o público.
Uma forma de fazer isso é através do live marketing, também conhecido como marketing de experiência. Para essa estratégia, que busca promover a união entre tecnologia e humanidade, o principal objetivo é a criação de ambientes que estimulem as emoções.

São exemplos de marcas que praticam o live marketing o Duolingo, do Google, que usa a gamificação para promover conexão e diversão para uma comunidade global de aprendizes de idiomas, a Nike com sua comunidade Nike Run Club, de incentivo, metas e gamificação para corredores de todo o mundo, e o jogo Fortnite, da Epic Games, que vai muito além das partidas online e proporciona shows virtuais e eventos imersivos em tempo real.
E se engana quem pensa que apenas as grandes marcas podem se beneficiar desse modelo. Em geral, as comunidades não exigem grandes orçamentos, mas, principalmente, coerência entre o discurso e a prática, e transparência em suas ações e propósitos. É isso que explica as pequenas marcas com presença digital poderosa e altamente engajadas.
Portanto, as marcas que já entenderam e investem na formação de comunidades terão maior vantagem competitiva no mercado, pois estarão criando laços cada vez mais profundos, autênticos e duradouros com o público. A diferença está em construir pontes, não vitrines.